Alambicado por João Moraes.
Não é sobre cachaça.
É uma delirante história que se desenrola e se enrosca através dela.
Amoral. Delirante. Naturalista
"Cachaça" encontra delicadeza na brutalidade e faz dela uma virtude poética. Jorge, o protagonista, chega em fuga. Fugindo de quê? É como se ele tivesse sido empurrado pela vida para ir de encontro ao começo, ao ponto de partida, ao ponto focal do Aleph borgiano que tudo concentra e de onde tudo saiu. E esse lugar é um sertão imaginário, cortado por picadas e estradas vincadas por chuva e uso, cruzadas por seres igualmente míticos... A forma como a saga existencial de Jorge se desenrola leva o conceito de prosa poética a outros patamares, propondo uma viagem quadrimensional, introduzindo gostos e cheiros, sugerindo sensações e ativando sentidos. Exatamente como uma boa golada do destilado.
- Luiz Noronha
"Cachaça" é um romance que conversa regionalmente com o que de melhor escreveram Adonias Filho, Mário Palmério e mais recentemente Itamar Vieira Junior, e revela João Moraes como o romancista que o brilhante contista gestava. Celebro esse magnífico romance com duas doses de cachaça, sendo uma pra benção do santo e a outra a esse autorinspirado.
- Paulo Mendonça
