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Descrição

De um livro geralmente espero que se explique por si mesmo. Preliminares, prólogos, introduções, prefácios e outros antelóquio explicativos não raro pecam por excesso ou imprecisão. Cheguei a duvidar se seria a pessoa mais indicada para estas breves palavras, mas o argumento de que a condição de leitora significaria mais que a pertença aos círculos dos iniciados me convenceu – a orelha é minha. Sobre a capacidade para o artifício literário, pouco tenho a dizer a respeito da prosa de ficção em gesto inaugural de Junia Zaidan. Não me interessa tanto quanto a circulação dos temas recorrentes nesses dezessete contos; temas recolhidos de um cotidiano em tempos idos e a nós agora entregues em escritura: morte, desejo, instituições em ruína, pobreza, política, amores, leitura, violência. Malgrado minha advertência sobre o caráter não ficcional do último “conto”, pelo qual guardo modesta preferência, por razões óbvias, não deixo de observar que todos os demais podem ser objeto daquela curiosidade pueril e infrutífera de quem misturará narradoras e autora de carnes e osso. Só espero que, uma vez publicados, traduzidos, e, com muita sorte, lidos, não me causem problemas estes contos. Em tentativa de remissão ao título – a meu ver, uma verdadeira forçação de barra – ao menos posso dizer que ter-me sido atribuído algum nome no conto mencionado não subtrai da obra o traço de anonimato que a percorre, inscrevendo o feminino. Nenhum nome, todos os nomes.

 

Vitória, ES, 10 de maio de 2043.

 

Liosa Proverbio