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Descrição

de Camila Benezath

O trabalho de Camila Benezath, apoiado num rico conceito de devir-criança, imprime um gesto que desafia a lógica de mercadoria que infantiliza os processos de apropriação e produção da cidade contemporânea. Fala da Rua Sete de Vitória, mas poderia ser da Avenida Sete de Salvador. Afinal, como diria Walter Benjamin, o narrador verdadeiro é o contínuo sonho e narrador de contos de fadas, e é através de Moscou que se conhece Berlim. Traduzir estes contextos, notadamente nas formas de apropriação do espaço público, é o que nos propõe Camila, com num “passo leve pra não acordar o dia”.

Xico Costa
Professor titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba


Um dos fios dessa trama, que se passa na Rua Sete, no Centro de Vitória, nos traz a recorrente disputa entre crianças travessas, foliões, boêmios, hippies, vagabundos, por um lado, e  adultos moralistas, higienistas, legisladores, policiais e friorentas criaturas suspirando por um passado retrógrado, por outro lado. Estes representam um programa unívoco moralista e repressivo há séculos. Noutro fio do livro, o devir-criança dá voz e espaço ao “passo leve”, “brincando o carnaval o ano inteiro”: congo, hip-hop e samba. A narrativa provoca uma anamnese que possibilita suplantar o trauma, oferecendo uma cura lúdica, zombeteira e insolente. Ainda, enseja outras histórias e estórias à contrapelo da história oficial, que silencia, esquece e apaga a natureza, os lugares populares, os nomes e os pensamentos divergentes e subalternizados.

Clara Luiza Miranda
Professora titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo